21 anos de ações pedagógicas e culturais de combate ao racismo

  • 11 de novembro de 2021 em 10:29
  • O Cantando e Contando a História do Samba (CHS), idealizado por Elzelina Dóris, atinge a maioridade! 21 anos de ações pedagógicas e culturais que trazem em sua centralidade o samba, sua história e seu potencial social de denúncia e combate ao racismo.
    De forma singular a sambista Dóris coloca em diálogo sua trajetória artística e seu amor pela educação numa ação pioneira no campo da descolonização das práticas pedagógicas. O samba é levado às escolas e apresentado aos estudantes não somente como um  instrumento de entretenimento. O CHS propõe uma vivência reflexiva das expressões de luta e resistência que as canções guardam em cada verso.
    Aliando performance musical, história e educação o programa  esteve, ao longo destes 21 anos, presente em diversas escolas, públicas e privadas, evidenciando as alegrias, denúncias e lutas sociais que são narradas em diversas letras de sambistas consagradas/os. Em sua trajetória, o programa demarca o lugar cultural e político que o samba ocupa no contexto brasileiro.
     Foi pensando neste lugar que o samba ocupa que, em 2018, Elzelina Dóris levou para o campo das pesquisas acadêmicas algumas de suas percepções sobre o potencial formativo existente na história do samba e das/dos sambistas. Ao defender sua dissertação de mestrado sobre o Samba de Roda do Recôncavo Baiano  no programa de Pós-graduação da FaE/UFMG a idealizadora do CHS reafirma esse potencial. Samba que educa! O potencial do Samba de Roda do Recôncavo para a educação das relações étnico-raciais é o título da pesquisa.
    O CHS demonstrou ao longo destes 21 anos que o samba, além de nos encantar e alegrar , também nos ensina e nos educa, por meio de sua história. Nos ensina ao retratar as marcas do racismo sobre a população negra e nos educa ao demonstrar as formas de resistência e de superação afro-brasileira às consequências sociais deste racismo.
    Para comemorar 21 anos do CHS e também ampliar material pedagógico, vem ai o lançamento do EP Dóris Vivências. . Os sambas gravados no EP trazem  “No Samba de Roda que eu vou “ composição da proponente e em parceria com João Batera, que foi inspirado na sua pesquisa de Mestrado, é uma homenagem as sambadeiras do Recôncavo Baiano e todas sambadeiras do Brasil.
    O samba “Gira na Gira” , composição de Solange Caetano , representa a história das sambadeiras, ancestralidade e herança.  Passada de vó pra neta, mãe pra filha .
    O samba “Amor em Pauta” composição de Carlitos Brasil, é um samba que foi composto ao acordar de madruga, quando, na ocasião o compositor  participava de um curso de teoria musical na Ordem dos Músicos e estava muito envolvido com os conceitos teóricos da música, de partitura e tudo mais.
    A outra faixa canção “Negra” dos compositores Otacílio de Oliveira Júnior e Ricardo Dias, é uma tentativa de contar um pouco da diáspora africana para o continente americano através dos percursos das  mulheres negras, de como tem sido o seu papel aqui desde a África até as “Marielles” de hoje. Além de uma homenagem, essa canção é uma forma de reconhecimento de sua resistência em meio a uma sociedade que insiste no apagamento histórico da importância das negras na construção do país e de sua cultura.

    Salve Samba! Salve cantando e contando a história do samba!

    Andréia Martins da Cunha
    Pedagoga/Psicopedagoga
    Mestra e doutoranda em Educação

    Elzelina Dóris dos Santos
    Mestra em Educação, cantora, pesquisadora, autora e coordenadora do Programa Social Cantando e Contando a História do Samba